O que somos senão memória?

Luiza Lemos
2 min readOct 8, 2019

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Assisti o vídeo do Quadro em Branco sobre Bacurau e um ponto interessante no roteiro do filme: sempre que um visitante chegava, os moradores da cidade os convidavam a ir no Museu de Bacurau. Porque, mesmo que não tivesse mais nenhum habitante, a memória de Bacurau ainda está ali, viva.

Vídeo do Quadro em Branco

E aí coube a reflexão, o que somos nós, senão memória?

Sem experiências, aprendizados, erros, lutas, alegrias e tristezas, seríamos feitos de quê? Pense, você só é quem é depois de passar pelo o que passou. Sabendo de tudo, lembrando e tendo memórias, nos formamos como pessoa, profissional e cidadão.

E a memória também evita de nós sermos enganados por quem quer a todo custo apagar o que somos. Esquecer o que é machismo, racismo, homofobia e agregar a memória que o sistema quer. Se esqueço de tudo isso, a chance de eu exercer o papel que o sistema quer é bem alto.

Se não lembro do contexo à minha volta, tudo o que vivi e o que vi, me anulo perante o que está acontecendo e o que devo fazer. Sei que é difícil toda hora ter que se ater às memórias e lembrar quem somos, mas se não estamos atentos, perdemos.

Karine Teles em Bacurau, como forasteira do Sul

Como os personagens do sul em Bacurau, que não lembravam que eram simples latinos e por isso se achavam mais parecidos com os gringos do que com os dois que mataram, para não “morrer”, é bom lembrarmos quem somos.

Mas sabe, é do paulista esquecer a própria história. Esquecer que este era o estado mais pobre, que quem ajudou a construír São Paulo foram imigrantes, nordestinos e negros. Que não somos o principal estado do país e principalmente: Que a cultura paulista não nasceu em São Paulo, é uma mistura.

Bem, São Paulo não é Bacurau, na realidade não somos ninguém, porque não temos memória. E sem memória, não somos nada. Somos marionetes prontas para o trabalho.

Pensa agora, sem tudo o que você passou, quem você seria?

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Luiza Lemos
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Written by Luiza Lemos

Refletindo sobre o básico, achando o extraordinário no comum, ou não.

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