A realidade de Hunters está mais próxima do que parece
Hunters, uma das séries do Amazon Prime Video, tem uma sinopse básica: nazistas do mais alto escalão fugiram para os Estados Unidos e vivem normalmente entre a população. Sem pagarem pelos erros ou darem alguma retratação à sociedade.
E desde tenentes, comandantes, químicos e afins, a série de Jordan Peele, que também fez os filmes Corra e Nós, mostra a impunidade a crimes de guerra depois dos eventos da Segunda Guerra Mundial. Mas a realidade é bem próxima da ficção e não só nos Estados Unidos.
Além das teorias famosas de que Hitler fugira para a Argentina ou para o interior do Brasil, uma coisa é certa: tivemos e temos a presença de nazistas no país do carnaval, do churrasco e do pior presidente durante uma pandemia.
Você lembra do nome de Josef Mengele? O médico conhecido como anjo da morte foi acusado pela morte de mais de 400 mil judeus no campo de Auschwitz, na Polônia, morreu de mau súbito no mar da Praia da Enseada em Bertioga, no litoral de São Paulo.
Bem próxima a realidade, como na série Hunters, ao invés de Josef Mengele, o registro do homem de 54 anos o identificava como Wolfgang Gerhard. Somente 6 anos depois que o cabo da PM Espedito Dias Romão, que atendeu ao chamado da polícia, descobriu que Wolfgang era um dos pseudônimos do médico.
E Mengele só estava no Brasil porque havia fugido da Argentina. Pesquisas mostram que ele não queria vir ao país por causa dos negros e índios e também porque a célula nazista argentina era mais forte do que no Brasil.
Nazistas estão mais perto do que pensamos. Franz Stangl, apelidado de morte branca e responsável pela morte de pelo menos 1 milhão de judeus e centenas de deficientes físicos e mentais em um programa de eutanásia nazista, se mudou para o Brasil em 1951.
E como na série, Franz vivia como um simples operário em uma fábrica da Volkswagen em São Paulo, até 1967, quando o caçador de nazistas Simon Wiesenthal o encontrou e o denunciou para as autoridades.
Obras como Hunters são mais reais que a própria realidade. Nazistas fugiram e viveram como pessoas comuns pela América e seus filhos e seguidores mantém o pensamento retrógrado e absurdo da época de Hitler.
E além dos propriamente nazistas, o Brasil conta com mais de 300 células do partido nazista em funcionamento no Sul e Sudeste do país. Mas desde 2018 sabemos que o ódio e a intolerância são reis ocultos na pátria mãe gentil. A imagem do brasileiro cordial está cada vez mais longe de ser atingida.