A música é uma eterna adolescente

Luiza Lemos
2 min readDec 7, 2020

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Gilsons e Flor Gil

MPB, Rock, Axé, Samba, Funk. A música tem diversos estilos, diversas faces, mas no fim das contas, é tudo música. Particularmente, meu gosto é bem heterogêneo: escuto de tudo, dependendo do meu humor. E penso também que a música é algo que deve ser aproveitada em sua totalidade. Não há apenas um gosto musical, devemos escutar de tudo, a todo tempo.

Pensando na MPB e na música em geral, a música é uma eterna adolescente. Mutável, instável e principalmente: tem um sentimento de revolta único. Desde as canções de protesto até o drama de bossas e boleros, a música sempre se revolta, seja com algo, alguém ou uma situação.

Mas uma coisa que os adolescentes têm que as obras musicais também têm é a repetição. Toda essa instabilidade e mudanças sempre retornam ao passado. Os adolescentes compartilham de comportamentos dos pais, mas um pouco mais infantilizados e a música retoma melodias, letras e composições do passado, mas com as diferenças do tempo e local que estão sendo feitas.

Vejo isso quando escuto Francisco El Hombre e lembro de Novos Baianos, ou escuto Jhonny Hooker e lembro automaticamente da androginia de Ney Matogrosso. Os tempos mudam, a técnica muda, os poderes mudam mas há sempre a ligação com o passado.

A música é mutável, mas volta sempre a sua origem

Uma ligação afetiva ou até de inspiração. Além dos expoentes da tal Nova MPB estarem ganhando o carinho de gravadoras e do público, há também filhos, netos e sobrinhos de cantores da antiga MPB entrando no mercado fonográfico, trazendo inovações que os antepassados não conseguiram fazer. Essa mutação na música popular brasileira é digna de um adolescente que quer experimentar de tudo um pouco, que vai atrás de uma identificação no mundo — só que essa identidade não existe, é tudo e mais um pouco.

Pode ser uma simples inspiração, pode ser uma garantia de que fazer algo próximo do conhecimento do público, irá dar certo. Mas uma coisa é certa: gerações vão, gerações vêm e a MPB está aí. Seja com o título de Nova MPB ou inovação, a música popular brasileira é uma eterna adolescente descobrindo instrumentos, técnicas e melodias diferentes para compor canções.

Por isso, sigo com Caetano, Chico e Gil na mesma playlist que Maria Gadú, Ekena e Gilsons. Mesmo com suas diferenças, seguem experimentando, mudando a MPB a cada música que passa. A música é uma eterna adolescente, debutando e sempre chocando seus ouvintes com suas inovações.

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Luiza Lemos
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Written by Luiza Lemos

Refletindo sobre o básico, achando o extraordinário no comum, ou não.

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